“Em qualquer assunto relacionado à carne que esteja em discussão, a desinformação estará sempre presente. O debate conduzido por leigos, ainda que bem intencionados, é contaminado por interesses ideológicos. Informações que possam sugerir o malefício da produção de carne serão usadas de maneira descontextualizada, parcial e exagerada. Exemplo disso é o uso da água na produção”. O trecho foi escrito por Maurício Palma Nogueira em texto recentemente publicado no canal Summit Agro, do Estadão. Maurício é engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária.
Ele conta que, em 2010, após a publicação do artigo “The green, blue and grey water footprint of farm animals and animal products”, foram divulgadas informações que sugeriam a necessidade de até 5 mil litros de água para produzir um bife de 250 gramas de carne bovina.
Será verdade? “Como o nome do artigo deixa claro, há classificação entre as diferentes formas de uso da água. A água verde é aquela proveniente da chuva, que será incorporada ao ciclo de evapotranspiração das plantas. A água classificada como azul é proveniente de captação, tanto superficial – dos rios ou lagos – como de poços acessando a água subterrânea dos lençóis freáticos. Por fim, água cinza é aquela cujo uso demandará tratamento. É água de limpeza de currais, frigoríficos, indústrias etc. Para efeitos comparativos, praticamente todo uso de água urbano é considerado como cinza”, explica Maurício.
“Explicadas as diferenças, voltamos aos números. No mesmo artigo, os autores concluem que a participação de água verde no Brasil é 99% do total”, destaca Maurício em seu artigo para o Estadão. Ou seja, a pecuária brasileira capta apenas 195 litros de água para produzir 1 quilograma de carne, enquanto na média mundial são captados 930 litros de água.
Portanto, os dados mostrados no artigo são, na verdade, extremamente favoráveis à produção nacional. Maurício chama atenção ainda para o fato de o trabalho citado ser de 2010 e que de lá para cá, a pecuária brasileira agregou 29% na produtividade de carne por hectare, reduzindo ainda mais sua pegada hídrica.
O texto na íntegra está disponível em https://summitagro.estadao.com.br/agro-no-brasil/colunistas/carne-brasileira-a-pegada-hidrica-mais-ambiental-do-mundo/