Suplementação a pasto: uma ferramenta na redução da idade ao abate

Por, Alexandre Arantes Miszura – Consultor Tecnico Beef III – Trouw Nutrition

De acordo com os dados do Beef Report 2023 (ABIEC), é nítida a redução na idade ao abate dos animais nos últimos anos. Em 2022, a porcentagem de machos abatidos com mais de 36 meses caiu para 9,9%, número que já chegou a 63% no ano de 1997. Podemos citar avanços em inúmeras tecnologias responsáveis por essa redução: sanidade do rebanho, melhoramento genético, manejo de pastagem, suplementação dos animais, terminação em confinamento e mais recentemente, a demanda do mercado consumidor (boi China, por exemplo).

É praticamente unânime que a pecuária brasileira é dependente do sistema de produção a pasto. Mesmo animais que foram abatidos em confinamento, considerando o peso médio de abate de 19,8@ (Beef Report 2023), com um peso médio de entrada no cocho de 13@, cerca de 75% dessa carcaça foi produzida a pasto. Isso mostra a importância de sempre estar buscando melhorar a eficiência dos animais durante o período da recria em pastagem.

Levando em consideração a sazonalidade de produção forrageira no Brasil Central, no período seco há menor oferta de capim, agravada por baixa qualidade caracterizada por baixos teores proteicos e altos teores de fração fibrosa. Consequentemente, os animais apresentam baixo consumo de forragem, acarretando em menor desempenho.

Um bom plano de suplementação precisa, primeiro, corrigir esse déficit proteico na dieta dos animais no período seco. É importante lembrar que a proteína da dieta é o nutriente essencial para que as bactérias ruminais degradem a fibra de baixa digestibilidade do capim, aumentando a taxa de passagem do alimento no trato digestório e o consumo de pasto pelos animais, refletindo em ganho de peso.

No período das águas, estratégias simples e eficazes, como o uso de mineral aditivado com o ionóforo Narasina, conseguem trazer ganhos adicionais de cerca de 90g/dia através da manipulação da microbiota ruminal.

Níveis mais elevados de suplementação também trazem vantagens aos sistemas de produção, como a suplementação proteico energética, que permite aumentar a taxa de lotação durante o período das águas e possibilita ganhos de até 450g/dia durante o período seco do ano, com consumo de 0,5% do peso corporal (PC).

Simulando os impactos da adoção dessas tecnologias (Figura 1), obtém-se a redução de 10 meses na idade ao abate com a adoção de mineral aditivado com Narasina no período das águas e suplemento proteinado no período seco, para animais em sistema com terminação a pasto (Figura 1-A) e redução de 7 meses para animais em terminação no confinamento (Figura 1-B).

 

 

Figura 1. Idade ao abate de animais em sistema de produção a pasto (A) ou com terminação em confinamento (B), sob diferentes programas de suplementação. *Estratégias: Bellmais: mineral linha branca na seca e águas; Bellmais NA+Lambisk S: mineral aditivado nas águas e proteínado na seca; Lambisk V/S: proteínado nas águas e seca; Lambisk V+Bellpeso SV: proteínado nas águas e proteico energético na seca; Bellpeso SV: proteico energético na seca e águas.

 

A chave para o sucesso em programas de suplementação começa com um bom planejamento e o entendimento do objetivo de ganho de peso da categoria ao longo do ano, adequando à realidade da fazenda. É preciso levar em consideração fatores financeiros, de estrutura da propriedade, de mão de obra e de capacidade operacional necessária para seguir a estratégia escolhida.