Qual é o limite?*

Por Leandro Bovo da Radar Investimentos

Mesmo com as altas recentes no preço do boi gordo, as escalas continuam sem mostrar nenhuma evolução, evidenciando a grande falta de oferta enfrentada atualmente. A situação atual é o famoso vácuo entre a safra e a entressafra, quando o estoque de animais a pasto já terminou e o fluxo de oferta de animais de confinamento ainda não entrou no mercado.

A situação nesse ano é mais grave e tende a durar mais do que o normal, já que a oferta de animais confinados ou semi confinados não deve aparecer tão cedo. A fase de alta do ciclo pecuário, com preços de bezerro altíssimos e retenção de fêmeas, também atua a todo vapor colocando ainda mais pressão no sistema.

Com a tendência de alta já bem definida e a questão da oferta (ou falta dela) sem deixar dúvidas, todas as atenções se voltam para a demanda, na tentativa de responder à pergunta: Qual o Limite?

Até o momento, não houve qualquer sinal de limite para as cotações, já que todas as barreiras psicológicas dos preços cheios de R$ 200, R$ 210 e R$220/@ foram atingidas sem que houvesse melhora significativa na oferta de animais para abate.

Essa situação é muito altista no curto prazo, porém para ela se sustentar no médio prazo precisaremos da contrapartida da demanda, absorvendo a alta que os preços terão na gondola.

Com esse raciocínio da demanda em mente, no caso das exportações ainda estamos muito competitivos. Mesmo com a alta recente, nossa arroba ainda está em US$ 41,00 sendo que no auge das compras da China em novembro do ano passado estávamos acima de US$ 50/@.

Portanto, é de se esperar que ainda há espaço para esses preços no mercado internacional. Já no mercado interno, da última vez que atingimos esse patamar de R$ 220/@ tivemos reflexos muito negativos na demanda. Na situação de crise atual é de se esperar que esse limite traga novamente reflexos negativos no consumo.

Enquanto a oferta permanecer tão pequena e a exportação tão robusta a ponto de deixar o mercado interno desabastecido, os preços atuais manterão a sustentação (ou até quem sabe testar novos patamares), porém o grande teste será quando a alta do boi gordo e da carne no atacado bater na gondola dos supermercados. Teremos a resposta desse teste nas próximas semanas. A conferir.

*Este texto foi originalmente publicado no informativo pecuário semanal “Boi & Companhia”, da Scot Consultoria, no dia 25.06.

Segundo o CEPEA/USP, em junho a arroba do boi gordo (base São Paulo)  saltou de R$ 204,00 (US$ 37,93) para R$ 218,40 (US$ 40,15): + 6,67%.