Por dentro de um animal confinado – Parte 1

Por João Marco Beltrame Benatti, gerente de produtos para ruminantes da Trouw Nutrition

Imagine um bovino de corte de 400 kg em uma pastagem no outono. A forragem está seca, com bastante colmo e pouca massa. A proteína bruta está próxima a 5% e a quantidade de fibras de baixa qualidade está alta. A digestibilidade é baixa, limitando, inclusive, o consumo. Provavelmente esse animal está com ganho muito baixo ou mesmo perdendo peso.

Devido a essa condição, todos os órgãos do animal se adequaram para economizar energia. O fígado, por exemplo, um dos principais órgãos responsáveis pela transformação dos produtos da digestão, reduz o seu tamanho. O bovino faz o mesmo que fez nos últimos milhões de anos: se prepara para a escassez de alimentos.

Como uma alternativa para driblar essa condição, colocamos o animal no confinamento.

Tudo é diferente. O animal está em uma estrutura que não conhece. Agora, cada animal terá espaço de 15 m2 – anteriormente eram 10.000 m2. Ainda por cima tem as brigas e sodomia para definição das lideranças dentro do lote. Muita gente passando, trator, poeira, sol e comida estranha em local diferente. Tudo isso causa estresse ao animal.

A dieta não é mais limitante. O animal, que anteriormente estava consumindo em torno de 1,8% do peso corporal de uma dieta com 5% de proteína bruta e pouca energia, passa a consumir por volta de 2,3% do peso corporal de uma dieta com 14% de proteína e alta quantidade de energia. Uma energia diferente da que fora acostumado. Agora há amido para degradar.

Essa nova energia é rapidamente fermentável, diferente da energia do pasto. Agora há maior produção de ácidos no rúmen. Se o pH ficar baixo por algumas horas pode ocorrer acidose ruminal. A acidose pode ser subclínica, quando o animal não mostra que está doente, ou clínica, quando o animal apresenta sintomas. Isso faz com que o bovino consuma menos do que o esperado e seu ganho caia. Pode haver refugo de cocho.

Provavelmente, o que falamos até agora está ocorrendo no seu confinamento. A acidose ruminal é bastante comum e traz milhões de reais de prejuízo anualmente. O pior é que esse problema pode passar despercebido e ocorrer sem que o produtor consiga tomar qualquer medida corretiva durante o confinamento.

Então, o que podemos fazer para reduzir as perdas decorrentes da acidose ruminal?

Quando se fala em acidose, a impressão que temos é que ácidos produzidos no rúmen são maléficos para o animal. Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC – principalmente acetato, propionato e butirato) são produtos da fermentação ruminal e são as fontes de energia que o animal precisa. Assim, animais que estão ganhando muito peso devem ter alta produção de AGCC.

O problema é quando a produção de AGCC é maior do que a utilização e esse composto começa a se acumular no rúmen. Isso faz com que algumas bactérias produtoras de lactato se desenvolvam. O lactato não é um ácido bom para o ambiente, pois reduz o pH muito rapidamente e pode comprometer todos os microrganismos ruminais.

Para mantermos o rúmen saudável, precisamos ter a quantidade adequada de fibras na dieta para estimular a ruminação. Na ruminação, há produção de saliva que contém tamponantes que auxiliarão o controle de pH ruminal.

Também é importante fazer leitura correta de cocho para evitar que haja falta de comida entre os tratos. Quando o cocho é reabastecido após um período sem comida, os animais comem com mais voracidade. Isso faz com que muita dieta entre rápido no rúmen e então haverá acúmulo de ácidos no rúmen. A consequência será o aparecimento de acidose.

A sobra demasiada de comida também não é desejada. Quando isso ocorre, pode haver desperdício ou seleção da dieta. O problema é que alguns animais poderão consumir mais concentrado do que o formulado e poderá haver acidose.

Outra forma de dar mais segurança aos animais é o fornecimento de aditivos.

A monensina, por exemplo, ajuda a controlar as bactérias que produzem lactato. Os tamponantes deixam a dieta mais segura, pois neutralizam os ácidos e facilitam sua retirada do rúmen. As leveduras vivas melhoram o ambiente ruminal para as bactérias que consomem ácido lático. As principais ações desses aditivos são: reduzir a produção ou estimular o consumo de ácido lático.

Em resumo, devemos ter em mente que o confinamento é estressante para o animal, podendo provocar, além da acidose ruminal, redução no status imunológico e acidose metabólica.

Com base nisso, a Bellman|Trouw Nutrition desenvolveu os produtos BellPeso Adapt e BellPeso Vivaz. São núcleos minerais cientificamente desenvolvidos com os aditivos monensina, tamponantes, Vivalto, IntelliBond C e Intellibond Z. Esses produtos aceleram o consumo de matéria seca de animais em regime de confinamento, evitando problemas metabólicos, aumentando a digestibilidade da fibra, fortalecendo o sistema imunológico dos animais e contribuindo para o maior ganho de peso.