Segundo o professor José Bento Sterman Ferraz, geneticista da FZEA-USP, avaliação genética é a melhor predição possível do que um reprodutor, ou matriz, tem para transmitir para as próximas gerações. Ele complementa: “Precisamos nos lembrar que quando compramos touros, matrizes ou sêmen, o que buscamos objetivamente é a qualidade de seus filhos”.
Na prática, avaliação genética nada mais é que o cálculo de DEPs (diferenças esperadas na progênie) a partir do processamento de uma série de dados de cada animal do rebanho. Com as DEPs em mãos, é possível classificar os animais de acordo com o seu valor genético e predizer, com bastante segurança, quão bons serão seus filhos para diversas características. As DEPs são, portanto, grandes aliadas na hora de escolher os touros que vão trabalhar no rebanho.
Para que essa escolha seja técnica a assertiva, é importante que o pecuarista ou gestor tenha em mente seus principais objetivos. Por exemplo, se o negócio da fazenda é a venda de bezerros e busca-se aumentar o peso médio de desmama, recomenda-se a escolha de touros com altas DEPs de Peso ao Desmame. Para fazendas que trabalham com ciclo completo, as DEPs de Ganho de Peso e Peso ao Sobreano devem ser priorizadas. Quando o objetivo é agregar fertilidade e precocidade sexual às matrizes, devem-se observar as DEPs relacionadas a essas características – no caso do programa de seleção da CFM, a DEP de PP14 (probabilidade de prenhez aos 14 meses).
Além das DEPs, outra informação muito importante trazida na avaliação genética é o percentil de cada DEP, que indica a classificação do animal para a característica em questão. Por exemplo, se um touro tem DEP de Peso à Desmama TOP 1%, isso quer dizer que ele se classificou entre os 1% melhores para desmama em todo o rebanho avaliado, ou seja, tem grande potencial melhorador para essa característica. Por outro lado, se a classificação é TOP 60%, na verdade o animal está abaixo da média, ou seja, não tem potencial melhorador. Em resumo, quanto menor o percentil, melhor a classificação do touro dentro de seu rebanho de origem.
E avaliação visual, é importante?
A avaliação visual, técnica tradicional de escolha de touros, também deve ser levada em conta, mas nunca como método único. A ciência já mostrou que avaliar apenas o visual ou o pedigree de um animal não são maneiras eficazes de determinar a qualidade de um reprodutor.
A Agro-Pecuária CFM realiza avaliação genética de seu rebanho há mais de 40 anos, período no qual foram produzidos mais de 47 mil touros. Desde 1994, o cálculo das DEPs de cada animal do rebanho CFM é realizado pelo Grupo de Melhoramento Animal e Biotecnologia (GMAB) da FZEA/USP, que processa informações medidas no campo e também dados genômicos com o uso das mais avançadas tecnologias aplicadas ao melhoramento animal.