O Brasil é um dos três maiores produtores e exportadores de alimentos do planeta. Porém, o mundo espera mais do nosso país. Segundo a FAO, o Brasil precisa contribuir com 40% do objetivo de dobrar a produção de alimentos até 2050 para saciar a fome de uma população, que terá 9,8 bilhões de pessoas. No caso da carne bovina, a meta é dobrar a produção de 9,5 milhões de toneladas para 19 milhões de toneladas.
Mas, afinal, o Brasil está preparado para cumprir essa missão? Sim, é a conclusão dos palestrantes do Horizons, iniciativa da Trouw Nutrition do Brasil, dona da marca Bellman, que reuniu cerca de 200 empresários da cadeia de alimentos, em Atibaia, no interior do Estado de São Paulo.
“O crescimento da oferta de alimentos passa, necessariamente, pelo uso de tecnologias em detrimento do aumento da área. Além disso, o componente ‘sustentabilidade’ é cada vez mais relevante a ponto de não se imaginar produzir mais sem responsabilidade ambiental e social”, explicou Stefan Mihailov, presidente da Trouw Nutrition Brasil, coordenador geral do HORIZONS.
“O cenário é desafiador, mas temos totais condições de atender à crescente demanda. Porém, precisamos ser inovadores e dispor das novas tecnologias e soluções”, apontou Mark Wiessing, presidente do Rabobank Brasil. Ele também lembrou da distribuição desigual dos recursos naturais no mundo, o que impacta diretamente a oferta futura de alimentos para atender à população, e da urbanização da população mundial. “Em 1960, havia no planeta 15 hectares de terras agriculturáveis por pessoa; atualmente, são apenas 0,5 hectares por pessoa”. O dirigente mostrou preocupação sobre o desperdício de alimentos. “O mundo joga no lixo 2,5 milhões de toneladas de alimentos por minuto! Precisamos mudar esse cenário”, disse.
Antonio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), mostrou confiança não só na produção de carne, mas nas exportações de carne bovina, que devem fechar o ano em torno de US$ 7 bilhões contra US$ 6,2 bilhões no ano passado” e devem continuar em alta em 2019. “O processo de liberação da Indonésia está em fase final e uma missão do Canadá veio ao Brasil em outubro”, informou.
O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Eumar Novacki, destacou a posição atual do Brasil na produção e no comércio global de alimentos. “O país é líder na exportação de carne de frangos e carne bovina e quarto maior fornecedor global de carne suína; em produção, é o segundo em carne de frangos e carne bovina e o quarto em carne suína. São números fantásticos que colocam o Brasil na elite da produção mundial de alimentos. E tudo isso feito com respeito ao meio ambiente e segurança alimentar”, disse Novacki.
“Toda essa produção ocupa apenas 30,2% da área territorial do Brasil”, destacou Eumar Novacki, ressaltando que 66% do território nacional são compostos por mata nativa.
“Um dos grandes desafios do Brasil para aumentar a produção de carne bovina é a produtividade. Com o uso de genética de qualidade, controle sanitário efetivo e manejo alimentar correto, os pecuaristas melhoram sua eficiência e, assim, produzem mais em menos áreas”, assinalou Tamires Miranda Neto, gerente de pecuária da CFM, presente ao Horizons.