“Estamos num novo ciclo de alta na pecuária”, diz Alexandre Mendonça de Barros

Em apresentação realizada no Road In Farm – Mapa da Genética 2021, evento da Central Leilões realizado em março, o engenheiro agrônomo e consultor da MB Agro Alexandre de Barros utilizou diversos dados para mostrar o cenário positivo para a cadeia da carne bovina nos próximos anos. “Alguns analistas entendem que o ciclo será de dois ou três anos; outros – e eu me incluo nesse grupo – acham que pode chegar a quatro ou cinco anos de alta”, diz o especialista.

Alexandre Mendonça de Barros baseia sua avaliação em vários indicadores. Para começar, cita o recente movimento de compra de carne feito pela China. Ele também destaca a perda de valor do real frente ao dólar, o que contribui para o contínuo aumento das exportações. “Está barato comprar nossa carne”, diz.

A esperada retomada da economia global pós-pandemia é outro indicador importante na análise de Alexandre. “O FMI estima crescimento global de 5,5% este ano. Os Estados Unidos certamente crescerão acima desse nível e a China pode avançar mais de 8%. Com desempenho como esse, a demanda por alimentos vai aumentar ainda mais”, raciocina o consultor.

A situação do mercado interno também ajuda nesse cenário positivo. O abate de bovinos caiu em torno de 8% em 2020. Dois fatores em especial contribuíram para isso: a perda de poder aquisitivo da população – “atualmente, apenas as classes A e B e parte da C estão consumindo carne bovina porque ela ficou cara” – e a alta retenção de fêmeas. Alexandre informa que o abate de vacas caiu 19% e o de novilhas 13%.

“Nessa conjuntura de fatores não vejo espaço para a carne bovina perder valor. E isso traz consigo alta para toda a cadeia produtiva. Vejam o patamar atual dos preços dos bezerros”, destaca Alexandre Mendonça de Barros.

“Não tenho dúvidas de que as exportações continuarão aquecidas e ainda há o gatilho do mercado interno. Se a economia se recuperar, o brasileiro voltará a consumir mais carne, mesmo pagando preços mais elevados”, diz. “Está aí um cenário positivo para todos os setores, incluindo o de reprodutores, fêmeas e animais de reposição”.