Dicas para melhorar a qualidade da silagem de cana-de-açúcar

A silagem de cana-de-açúcar é uma das alternativas de volumoso para rações de confinamento ou mesmo para suplementar o gado na época seca, quando o acúmulo de forragem dos pastos cai, assim como seu valor nutritivo.

Dentre várias opções de alimento volumoso, como silagem de milho, silagem de capim ou feno, a silagem de cana se destaca pela elevada produção de matéria seca por hectare e, consequentemente, pelo custo relativamente baixo por tonelada produzida.

As etapas de produção da silagem de cana seguem os mesmos princípios das demais silagens. Veja a seguir, algumas dicas importantes:

 

  1. Colher e picar a cana em partículas pequenas, de forma homogênea

Segundo André Pedroso, pesquisador da Embrapa, o tamanho de partículas costuma variar entre 8 e 25 mm. A picagem em partículas excessivamente grandes resulta em dificuldade de compactação da forragem no silo, prejudicando o processo de fermentação e conservação da silagem. Para que o tamanho das partículas seja adequado, as facas de corte das colhedoras devem estar sempre amoladas.

 

  1. Usar um aditivo para controlar a fermentação alcoólica

A cana está sujeita ao processo de fermentação promovido por leveduras que transformam açúcar em etanol e podem ocasionar perdas de até 30% da matéria seca da silagem. Além disso, o alto teor de álcool nas silagens prejudica o consumo e o desempenho dos animais.

 

Diversos aditivos contribuem para o controle da fermentação alcoólica em silagens de cana de açúcar. Entre os mais estudados estão a ureia e os inoculantes bacterianos à base de Lactobacillus buchneri.

 

  1. Encher rapidamente o silo (preferencialmente em até 3 dias)

 

  1. Compactar muito bem

A compactação tem a função de retirar o ar da massa de forragem. Em forragens mal compactadas, a presença de oxigênio eleva as perdas, podendo acarretar a deterioração da silagem.

Em silos tipo trincheira ou de superfície, a compactação deve ser feita por tratores pesados, de pneu, que devem trabalhar de forma constante à medida que a forragem é colocada no silo. A compactação é efetiva apenas em camadas de até 50 cm de espessura. Portanto, a velocidade de chegada de forragem ao silo deve ser compatível com a capacidade de compactação.

Para silos trincheira, largura do silo deve ser no mínimo o dobro da largura do trator, para permitir que a parte central do silo também seja compactada.

 

  1. Vedar

A conservação da silagem depende de um ambiente livre de oxigênio. Qualquer problema na vedação que permita a entrada de ar causará perdas. Portanto, deve-se evitar rachaduras e frestas nas paredes dos silos e furos na cobertura plástica. As lonas plásticas devem possuir proteção contra radiação ultravioleta e espessura entre 0,15 a 0,20 mm.

 

  1. Fazer um bom manejo de retirada

Com a abertura do silo, a forragem volta a ser exposta ao ar, tornando-se suscetível à degradação em função do crescimento de leveduras e mofos. Para minimizar as perdas, a silagem deve ser retirada sem que sua estrutura seja abalada e sem a formação de “escada”. Diariamente, deve-se retirar uma fatia mínima de 30 cm de espessura de forma homogênea por toda a face exposta da silagem. O dimensionamento do silo deve levar essa questão em conta.