A bezerra de hoje é a matriz de amanhã

Artigo de Felipe Fabbri, pesquisador da Scot Consultoria, adaptado pela equipe CFM.

Nem só da fase de alta vive a pecuária de corte. Entre 2019 e 2021, a cotação da arroba do boi gordo teve trajetória ascendente, praticamente ininterrupta – salvo a sazonalidade da safra de capim e eventos externos (leia-se “vaca louca”).

O mercado pecuário é plurianual e olhar para a atividade pensando no curto/médio prazo por vezes pode derreter as ações e decisões do produtor.

Em 2022, o ciclo pecuário virou. A retenção de fêmeas, de 2019 a 2021, provocou o aumento da oferta de bezerros e o descarte de fêmeas cresceu, pressionando a cotação da arroba.

A virada era esperada. Mas, mesmo esperada, ainda espanta muito produtor.

 

Fase de baixa é sinônimo de resultados negativos?! Não é bem assim…

Estamos na fase de baixa do ciclo pecuário de preço e, a depender da atividade (cria, recria/engorda e ciclo completo), diferentes ações podem ser tomadas.

Falando em termos de gestão da propriedade pecuária, uma das medidas importantes é a diluição de custos fixos com o aumento de produtividade em mesma área.

O momento também é propício para investir na reposição. Concomitantemente à queda de preços da arroba do boi gordo, o preço da reposição também cai, melhorando a produtividade em função da aquisição de mais arrobas com o mesmo desembolso.

O criador, por exemplo, precisa lembrar que a novilha de hoje será a matriz de amanhã. E, assim como há pouco mais de dois anos os preços das categorias mais jovens subiram (2020/21), esperamos que o movimento se repita nos próximos anos.

Pensando nisso, é importante o criador perceber que o momento, mesmo desafiador para a venda do seu bezerro, pode ser favorável em uma visão de longo prazo.

Em resumo: o mercado pecuário é dinâmico e marcado por fases de alta e de baixa. Para cada uma delas, as palavras de ordem são: gestão e estratégia.

 

Artigo originariamente publicado em Scot Consultoria