Por Thiago Lopes Biscegli, gerente comercial da Neogen.
Quando o martelo do leiloeiro cai, além de selar um compromisso comercial oficial, o comprador leva também a expectativa que o animal escolhido entregue em seu rebanho o que as DEPs (Diferença Esperada na Progênie) do catálogo mostram. Normalmente, o que determina a tomada de decisão do criador, para escolha do reprodutor, são as principais características produtivas relacionadas à atividade (mais peso ao desmame, peso ao sobreano, precocidade, etc.). No entanto, nessa escolha, a pressão é muito intensa no touro, mas pouco se considera sobre a participação das fêmeas que receberão esses reprodutores.
A genômica é uma ferramenta que busca, através da leitura do DNA, conhecer o animal por dentro. E essa informação permite saber desde cedo na vida de um indivíduo, o seu potencial produtivo. Isso quer dizer que, para uma bezerra ainda na desmama já podemos saber com precisão se ela terá maior probabilidade de emprenhar precocemente ou mesmo se terá uma produção de leite superior. Grandes projetos, como a Agro-Pecuária CFM, utilizam essa tecnologia em seu rebanho e a disponibiliza através dos touros comercializados.
Quando pensamos em rebanhos comerciais de corte, onde a eficiência e a produtividade impactam muito na viabilidade do negócio, cada vez mais o mercado força o criador a aumentar a sua gestão estratégica. E isso inclui desde a contratação de mão-de-obra, compra e aplicação de insumos, até a gestão do rebanho com uma correta escrituração zootécnica. Ou seja, cada dia há menos chances para errar.
Todavia, ainda encontramos projetos pequenos, médios e grandes que não controlam seus rebanhos e abrem mão de ferramentas que poderiam auxiliar na identificação dos animais superiores e inferiores para gestão da atividade.
Muitas vezes, a falta de medir o rebanho leva a erros que podem comprometer o resultado operacional e financeiro da fazenda. Fêmeas que produzem um bezerro por ano podem ser consideradas férteis, contudo, se uma produzir um bezerro de fundo/refugo, esta estará impactando negativamente o negócio. Por várias vezes fazemos vista grossa, não nos atentamos a esta questão ou atribuímos esse bezerro de fundo a possíveis erros de manejo, nutrição ou sanidade. Porém, quando conhecemos os animais por dentro, podemos identificar que a escolha do reprodutor pode estar desalinhada à necessidade do plantel de fêmeas e, muitas vezes o touro que melhor se encaixa no rebanho é de outro perfil de produção.
Por isso, conheça suas fêmeas com o uso da genômica!
Dentre os principais desafios para o aumento do uso da genômica em rebanhos comerciais estão o desconhecimento da tecnologia e a falta de controles nas fazendas. Para lidar com o desconhecimento, os resultados ao redor do mundo têm ajudado a dar luz à importância da ferramenta.
O ritual do leiloeiro permanecerá o mesmo a cada remate. No entanto, o comprador vai conseguir saber com maior precisão o que possui dentro de casa e isso implicará em uma decisão de compra mais assertiva. E a genômica nesse contexto é a ferramenta que já está à disposição dos criadores comerciais para ajudá-los no conhecimento de seu patrimônio, permitindo selecionar e acasalar aqueles animais mais produtivos e que deixem maior margem financeira na operação pecuária.